Vulnerabilidade e empatia, palavras essenciais neste ano de pandemia, são um mantra para Sergio Povoa, CHRO da OLX, empresa de classificados online que comprou o Grupo Zap por R$ 2,9 bilhões e cresce exponencialmente no Brasil.
Mentor de startups, com passagens por companhias como Grupo Pão de Açúcar e Netshoes, ele conversou com a Companhia de Estágios na penúltima live do ano, transmitida na segunda-feira (30), sobre desafios profissionais e práticas de RH na OLX.
“Eu me vejo muito conectado ao propósito da empresa. Nós ressignificamos o mercado de consumo. A cada bem negociado em nossa plataforma nós poupamos emissão de gás carbônico, por exemplo. Em termos de economia de CO2, nossas vendas anuais equivalem a fechar o aeroporto de Congonhas por oito meses.”
Assista ao vídeo na íntegra:
Sobre atuar na área de RH, Sergio conta que isso não passava por sua mente. “Eu tinha pavor dessa turma, pensava que o RH era aquele cara que olha para você e diz: ‘Piscou o olho, é inseguro’, ‘Cruzou o braço, está resistente’. Eu era desenvolvedor em RH, quando me convidaram para autuar na área, hesitei.”
Hoje, ele diz que sua principal missão profissional é romper barreiras, transformando o RH em uma área estratégica. Como se faz isso? O primeiro passo, na opinião dele, é fazer empoderar os gestores a assumir o papel de liderança. “Se os líderes fizerem gestão de pessoas, o RH consegue sair das questões do dia a dia para ser mais estratégico, dando dar suporte ao negócio.”
Já entre os desafios práticos para 2021 estão a integração de cultura com o Grupo Zap, que dobrou o tamanho da OLX no Brasil, o desenvolvimento da liderança e a diversidade e inclusão.
História inspiradora
Sergio começou a carreira como faxineiro de uma fábrica. “Minha visão era de alguém de família pobre. Se tivesse uma mesa com grampeador e telefone, estaria no auge da carreira. A ideia de ser diretor era muito utópica”, diz. Quando era faxineiro, o executivo aprendeu a fazer a parte chata com agilidade. “Eu limpava o banheiro e o chão rapidamente e usava o tempo que sobrava para entender as máquinas da fábrica. Com isso, fui promovido a office boy, passei a ganhar mais, estudei e comecei a ajudar a família.”
Segundo ele, a principal lição é não procrastinar a parte ruim. “Faz logo e use o tempo livre para realizar coisas legais e pensar no futuro. Lembre-se que não tem serviço bom ou ruim, a grande questão é como você encara a situação e cresce com ela.”
Aprendizado na pandemia
Ao lidar com a pandemia, Sergio confessou que seu principal erro foi achar que a liderança estava imune aos efeitos emocionais do isolamento forçado. “A ficha de que os gestores também estavam confusos e com medo levou um final de semana para cair. O grande aprendizado foi perceber que os líderes também precisavam de apoio, pois até então boa parte deles só sabia ser gestor no comando e controle”, diz.
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“Outra questão que nós aprendemos na OLX foi que, nesta pandemia, cada um tinha um tempo diferente. Havia gente que só conseguia trabalhar à noite, outros aos finais de semana. Tivemos de exercer empatia e aceitar a vulnerabilidade. Não deixamos as pessoas fingirem sentimentos. Nós fomos transparentes, dissemos que faríamos ajustes, mas não demitiríamos. E passamos a olhar a produtividade não para ver quem estava trabalhando mais ou menos e sim para ajudar quem enfrentava dificuldades.”
De acordo com o executivo, hoje as pesquisas Pulse mostram que 98% dos funcionários estão se sentindo inseguros com o mundo lá fora, mas satisfeitos da porta para dentro. “Nós temos 12% das pessoas relatando semanalmente que não estão produtivas. E buscamos ajudar. É problema familiar, quer tirar férias, está deprimido? O momento é de acolhimento; de trabalhar pela sobrevivência de pessoas e negócios. Estamos vivendo uma época muito louca, não dá para ter grandes KPIs.”
Sergio pontuou ainda que a importância do RH estratégico ficou evidente diante da crise de covid-19. “Quem fez a diferença foi o RH que estava ao lado do negócio, suportando decisões”. Ao ser perguntado sobre como o departamento de pessoas pode se tornar estratégico, ele foi categórico: mergulhar de cabeça no negócio, compreendendo necessidades, e ter resiliência para provar ao C-Level a importância das pessoas na conquista dessas necessidades. “O RH não pode se apequenar, tem de arriscar mais.”
Empatia e outras lições
Ao falar de habilidades, Sergio disse que dificilmente um profissional cresce sem empatia e a capacidade de ser vulnerável. “Quando se é empático você observa, aprende e, no caso do líder, consegue juntar competências na equipe para entregar resultado. Além disso, só amadurece quem sabe dizer: ‘Não sei’.”
Mentor da Endeavor, o executivo disse que tem encontrado cada vez mais empreendedores e líderes preocupados com RH. “Vejo startups começando e já querendo ter um time de gente, o que é incrível. Quanto mais rápido colocar alguém olhando pessoas, pensando cultura, estruturas de cargos e engajamento, menos você terá problemas para escalar e desenvolver times.”
Durante a live, transmitida ao vivo pelo canal da Companhia de Estágios no YouTube, Sergio respondeu perguntas do público e deu uma série de dicas práticas sobre temas como fit cultural, ferramentas para analisar competências e futuro do trabalho.
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