A transformação faz parte da carreira de Ricardo Mueller, diretor global de HR Transformation da Reckitt Benckiser, multinacional inglesa que fabrica produtos como Veja, Vanish, Finish, Jontex, entre outros.
Ricardo começou a trabalhar aos 14 anos, como office boy. Graduado em negócios no Paraná, atuou na área de finanças no Bamerindus, banco brasileiro com sede em Curitiba (PR). Por lá, viveu sua primeira experiência de transformação corporativa: a compra do Bamerindus pelo HSBC, em 1997. Depois disso, participou de muitos outros processos de mudanças, em companhias gigantes como Mondelēz e Kraft Food.
Na RB desde 2016, obteve excelentes resultados na América Latina e no Brasil. Ano passado, foi convidado a integrar o time global de RH na sede da companhia, na Inglaterra. De Windsor, onde mora atualmente, Ricardo falou com a Companhia de Estágios sobre transformação digital, experiência do funcionário e o RH do futuro.
“Precisamos desmistificar a palavra transformação. Hoje, ela vem carregada de ansiedade e preconceitos.” Segundo ele, criou-se uma imagem no mundo dos negócios de que toda e qualquer modificação é penosa. “Isso nos impede de enxergar os benefícios. Quando você faz uma mudança, seja ela profissional ou pessoal, há duas opções: focar o que há de melhor neste processo; ou olhar o que foi deixado para trás. Nunca faço isso. Se tomo a decisão de mudar, tiro o melhor da experiência.”
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Durante a live, Ricardo fez ainda uma provocação: se você não está passando por uma mutação agora, deveria se preocupar. Estimular mudanças, ainda que pequenas alterações no cotidiano, é uma atitude essencial para protagonizar os acontecimentos e, mais do que isso, evoluir. O raciocínio vale especialmente para a área de gente e gestão. “Muitas vezes, O RH chega atrasado à festa, para arrumar a sala em vez de planejar o evento.”
O RH do futuro (é digital)
“Sendo muito transparente, se o RH não está irritando alguém, ele não está fazendo o trabalho dele. O papel do RH do futuro não é satisfazer, mas estar conectado ao negócio para fazê-lo crescer”. afirmou. E foi mais longe. “Qual é o índice de incômodo no seu negócio? Se estiver baixo demais, você não está agindo adequadamente”. De acordo com executivo, o grande desafio na gestão da mudança é gerar inquietação, não ansiedade (repare: são sentimentos diferentes).
Sobre employee experience, Ricardo disse que existe muita confusão. “Employee experience não tem a ver com redesenho do modelo operacional. Pelo contrário. A ideia central não é mudar processos, mas pensar nas experiências que se deseja prover aos empregados, questionando-se: quais delas devem ser únicas e quais podem ser entregues coletivamente?”.
Não à toa, na visão dele, poucas empresas fazem um trabalho consistente para melhorar a jornada do trabalhador. “Se eu pudesse arriscar, diria que 80% delas não conseguem oferecer aos empregados a instantaneidade das mídias sociais e a usabilidades dos apps. Há diversos canais que não utilizamos por acreditar que as empresas precisam usar os recursos internos, quando poderíamos buscar outros meios.”
A importância dos dados
No bate-papo, Ricardo também falou sobre o papel dos dados para a estratégia de RH. “Não tem mais como fazer gestão de pessoas no ‘achômetro’. Os dados precisam ser usados para antecipar tendências e tomar decisões. Em cinco anos, várias funções de RH deixarão de existir. Só irá sobreviver quem souber interpretar números e olhar para frente.”
Antes de encerrar a conversa, o diretor global de transformação da RB mandou um recado. “A grande lição imposta pela pandemia é o fim das barreiras. Por que eu não posso trazer alguém da Alemanha, muito bom, para trabalhar remotamente no Brasil? O talento passou a ser virtual”, decreta ele, para quem o maior desafio a partir de agora será abastecer, atrair e atender as necessidades destes profissionais conectados, para os quais a presença física já não fará mais tanta diferença assim.
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