Estudo revela que a maioria dos jovens em atuação conseguiu a vaga por meio de sites especializados
Lidar com a alta concorrência nos processos seletivos para vagas de estágio é uma realidade que os jovens têm enfrentado nos últimos anos – de acordo com números do setor, desde 2014 o total de inscritos para esses postos cresceu mais de 20%
. E, como essa tem sido a principal aposta do público para fugir do desemprego, resta aos estudantes encarar a exigência dos recrutadores ou correr atrás de uma boa recomendação profissional, o que, em tese, facilitaria a conquista do estágio, certo?
Não exatamente – de acordo com um levantamento feito pela Companhia de Estágios – consultoria e assessoria especializada em programas de estágio e trainee, o caminho mais qualificado e eficiente até a vaga é o recrutamento online.
A pesquisa “O Perfil do candidato a vagas de estágio em 2018”, identificou que a maioria dos jovens em atividade conquistou o posto por meio sites especializados, ou seja, empresas que divulgam as vagas online e, por meio do cadastro do candidato, fazem a triagem do perfil, convocação e, posteriormente, entrevistas e testes presenciais com os selecionados.
A indicação, segundo caminho mais apontado pelos estagiários, também tem seu lugar na conquista da vaga, no entanto, outros pontos do estudo revelam que nem sempre essa é a melhor escolha para o jovem ou para a empresa.
Melhor caminho
O estudo que contou com 5.410 participantes de todas as regiões do país – 11% deles, estagiários em atividade – revelou que, dentre esses jovens, 41,4% conseguiu a vaga por meio de sites de recrutamento, enquanto 30% contou com a indicação de algum colega ou conhecido para chegar até o posto.
E, por mais que pareça que as facilidades do mundo virtual foram determinantes para essa diferença, menos de 10% dos estagiários chegaram até os empregadores por intermédio das redes sociais, outros 9% por aplicativos e, da mesma forma, 9% por meio dos sites das próprias empresas.
Depois da conquista…
Mas, ser aprovado no processo seletivo e ficar com a vaga é apenas o primeiro dos muitos desafios enfrentados pelo estudante – é fundamental que esse jovem consiga, por meio do estágio, adquirir experiência e se preparar para o mercado de trabalho.
E é justamente nesse ponto que a indicação – muitas vezes superestimada pelos candidatos – demonstra seu ponto fraco: o estudo aponta que o nível de insatisfação para com o cargo é maior entre os “indicados”, afetando 35% deles (quase 10% a mais do que os “recrutados”).
De acordo com Tiago Mavichian – diretor da Companhia de Estágios – essa diferença pode ser explicada por um ponto chave dos processos seletivos que, muitas vezes, é ignorada na recomendação: a análise do perfil.
“A indicação dentro dos moldes antigos, ou seja, aquela que contempla apenas o fator “quem indica”, pulando o processo seletivo e desconsiderando as habilidades do candidato, tem grandes chances de resultar numa relação de trabalho pouco proveitosa, onde o estagiário não corresponde às expectativas da empresa e vice-versa, causando certa frustração. Por outro lado, aquele que passa pelo crivo do recrutamento especializado seguramente atende o perfil esperado para a vaga e, consequentemente, tem uma possibilidade maior de ter sucesso na empresa”
Desempenho afetado
Corroborando esse pensamento, dados do estudo indicam que jovens “recrutados” têm melhor rendimento no estágio: 36% deles avaliam seu desempenho como “muito satisfatório”, já entre os “indicados” o percentual não chega a 30%. Por outro lado, o número de estagiários “indicados” que avaliam seu desempenho na empresa como “ruim” alcança os 9% – o dobro dos jovens “recrutados”. Esses estudantes também têm maior tendência a responsabilizar a empresa pela má condução do programa.
De volta à fila do emprego?
Segundo Mavichian, o recrutamento especializado não só poupa o tempo dos empregadores como aumenta a eficácia das contratações.
No entanto, as vantagens desse processo não se limitam apenas às empresas: “Por mais que os jovens acreditem que é melhor contar com uma recomendação do que enfrentar o processo seletivo, eles devem ter em mente que ser testado e avaliado por profissionais colabora para a boa condução da carreira, pois ele será direcionado para as vagas mais adequadas para o seu perfil. Não é à toa que a pesquisa revelou que o estagiário que enfrenta esse desafio geralmente quer seguir na empresa em que foi aprovado”.
O cenário apontado pelo diretor da Companhia de Estágios se baseia na resposta dos entrevistados à pergunta “O que você pretende fazer após concluir seu estágio?” – dentre os jovens que conseguiram a vaga por meio de sites de recrutamento, a maior aspiração é ser efetivado: 45,3% deles desejam continuar trabalhando na empresa que atuam.
Por outro lado, dentre os estagiários que conquistaram a oportunidade por meio de indicação, a maior expectativa é conseguir uma vaga de estágio em outra empresa (38%).
O número de estudantes dispostos a sair em busca de um emprego formal em outra instituição também é maior entre aqueles que foram indicados: enquanto pouco mais de 20% dos recrutados tem a intenção de conseguir um emprego em outra empresa, 26,5% dos jovens contratados por meio de indicação demonstram esse mesmo desejo.
“Isso evidência que uma boa seleção é fundamental num programa de estágios, pois continua impactando o jovem mesmo após a experiência.” – ressalta Mavichian.
Indicação tem o seu lugar!
Ainda assim, a indicação profissional tem seu valor! Segundo Rafael Pinheiro, gerente de recursos humanos, quando bem empregado, o recurso pode sim ser vantajoso para empregadores e estagiários.
“Evidentemente, o sucesso de uma relação profissional também depende do fator humano e, nesse ponto, ser recomendado por um colega que tenha certa credibilidade na empresa ajuda no networking do estagiário e, até mesmo, na sua autoconfiança. No entanto, é importante que essa “indicação” não exclua o processo seletivo. O candidato deve ser testado e avaliado como os demais, justamente para assegurar que ele atende os aspectos técnicos da vaga. O que deve ser evitado é a contratação baseada somente na “influência” de quem indica ou é indicado.”.
Então, o que o jovem deve fazer, caso tenha algum “contato” que possa recomendá-lo na empresa onde irá se candidatar? Segundo Pinheiro “Dependendo da empresa, o candidato pode entrar no processo seletivo por meio de indicação, mas esse fator só vai ser levado em conta se ele for aprovado nas seletivas. Por isso, se o jovem tiver essa “carta na manga” o ideal é que deixe para as etapas finais, quando for questionado pelos recrutadores se possui alguma recomendação.” – conclui.