Em tempos de desemprego a internet pode ser grande aliada dos jovens na hora de conseguir uma oportunidade
Uma das piores crises econômicas dos últimos tempos tem feito com que o mercado de trabalho brasileiro encolha significativamente.
Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do trabalho, o país acumulou, só no primeiro semestre do ano, um saldo negativo de 531 mil vagas celetistas. Os analistas estimam um alívio do quadro negativo somente após o início de 2017.
Enquanto essa melhora não se concretiza, jovens entre 14 e 24 anos, compreendidos pela faixa etária onde o desemprego está mais acentuado, recorrem a diversas estratégias para não ficarem à margem do mercado.
Devido à inexperiência e baixa qualificação profissional, a grande maioria tem o desafio de encontrar vagas que correspondam ao seu perfil e representem uma oportunidade de aprendizagem e crescimento.
Diante disso, o estágio tem se mostrado uma das alternativas mais promissoras, pois, além de possibilitar o ingresso em grandes empresas, não exige experiência prévia e ainda há chances de efetivação.
E a maior aliada nessa procura tem sido a internet, que permite uma busca e seleção de vagas através de sites, plataformas e até mesmo das redes sociais.
Cenário de retração é o pior das últimas décadas
A Relação Anual de Informações Sociais (Rais), divulgada em setembro pelo Ministério do Trabalho, revela que mais de 1,5 milhão de empregos formais foram descartados em 2015.
Esse é o pior resultado da série, iniciada em 1985, que engloba trabalhadores do setor privado, servidores públicos federais, estaduais e municipais e também os trabalhadores temporários.
Esse quadro representa uma retração no número de trabalhadores formais, que caiu de 49,6 milhões em 2014 para 48,1 milhões em 2015. O Brasil não acumulava perdas de empregos formais desde 1992, quando teve um saldo negativo de 623 mil vagas.
A Rais ainda mostra que houve um declínio nos rendimentos médios dos trabalhadores, que recuou 2,56% em 2015 em comparação com o ano anterior.
Diante disso, nota-se que, além de cortar gastos através das demissões, as empresas também estão oferecendo postos de baixa remuneração para os novos funcionários. Para os jovens esse cenário é ainda mais preocupante, pois se estima que 1 em cada 4 trabalhadores com menos de 25 anos foi diretamente impactado pela crise.
São quase 4,8 milhões de desempregados nessa faixa etária, de acordo com dados do CAGED, que analisa os trabalhadores com carteira assinada.
Estágios e programas de aprendizagem são opções atraentes
Na contramão desse cenário econômico desfavorável, a oferta de vagas para estagiários nessa época do ano tem apresentado números positivos.
De acordo com Tiago Mavichian, diretor da Companhia de Estágios, consultoria especializada em recrutamento e seleção de estagiários, nos últimos três anos a média de crescimento na oferta de novas vagas de estágio durante o segundo semestre foi de 7%.
O principal fator que contribui para esse resultado é a transição universitária, muitos estudantes se formam e passam a ocupar cargos efetivos, e as empresas precisam suprir essa demanda, além disso, algumas costumam disponibilizar mais vagas para novos postos.
Diante desses dados favoráveis, os programas de estágio e aprendizagem tem sido a principal ferramenta para o jovem ingressar no emprego formal, adquirir experiência e projetar sua carreira.
Para Mavichian “O mercado de trabalho passa por um momento de fragilidade devido à atual situação econômica do país, e o jovem que está tentando ingressar agora pode encontrar condições mais precárias de trabalho que podem marcar sua trajetória profissional de forma negativa. Por isso o estágio, na maioria das vezes direcionado exclusivamente para essa parcela da população, se mostra uma opção mais vantajosa, justamente porque não exige experiência do candidato, mas sim, proporciona a ele uma oportunidade de aprender e desenvolver suas habilidades”.
Em vista disso, os estudantes estão cada vez mais atentos às oportunidades e aproveitam o momento propício dos programas de estágio para divulgar seus currículos e portfólios, potencializados por uma ferramenta poderosa: a internet.
Ao mesmo passo em que a inclusão digital se expande nas diversas camadas da sociedade, cresce também a participação da internet, tanto como ferramenta de recrutamento utilizada pelas empresas, quanto como porta de acesso de profissionais a um número de vagas cada vez maior, nas mais variadas áreas, e, algumas vezes, divulgadas exclusivamente através da web.
A internet é uma ferramenta poderosa
A época em que as pessoas saiam distribuindo seus currículos nas portas das empresas já ficou para trás. Hoje em dia é muito raro encontrar alguém que adote essa prática.
Boa parte dos candidatos recorre a agências e recrutadoras especializadas na hora de procurar uma colocação, mas, atualmente, a grande maioria utiliza a internet. Uma pesquisa recente feita pela Companhia de Estágios, que contou com mais de 1.700 estudantes de todo o país, apontou que 26,2% conseguiram estágio através de sites ou plataformas de recrutamento.
O currículo online, enviado muitas vezes por e-mail ou cadastrado em sites específicos, ganhou espaço pela praticidade e economia, tanto de tempo quanto de dinheiro – pois já não é mais necessário imprimir várias cópias. Em poucos cliques seu alcance pode atingir proporções gigantescas.
Além disso, há diversas outras opções como: plataformas, aplicativos e redes que otimizam esse processo. O estudo ainda demonstra que 35% dos jovens buscam vagas através do Facebook, enquanto 33% deles utilizam o LinkedIn.
Fernanda Brunsizian, gerente de Comunicação Corporativa do LinkedIn para a América Latina, explica que uma das grandes vantagens da plataforma é que ela amplia os campos do currículo tradicional para além de “Educação” e “Experiência Profissional”, permitindo que os jovens em início de carreira demonstrem suas habilidades e paixões em outras áreas como: Projetos, Publicações, Voluntariado, Cursos e Matérias: “Isso permite ao empregador conhecer o candidato mais a fundo e ver se existe uma compatibilidade cultural e de valores entre empresa e candidato” – afirma a profissional.
Redes Sociais: espada de dois gumes
As redes sociais também podem ser grandes aliadas na hora de procurar por uma vaga de emprego. No entanto, é preciso saber como usar de forma correta e tirar o melhor proveito dessas ferramentas. Brunsizian afirma que existe uma linha tênue entre a vida pessoal e a profissional, mas isso não é necessariamente ruim: “O importante é saber diferenciar contextos. Da mesma forma que discutir tendência profissional em uma rede pessoal pode não gerar engajamento nenhum, o contrário também é verdadeiro”.
Além disso, esse tipo de rede pode ser usada tanto pelos candidatos quanto pelos recrutadores, portanto, é preciso ponderar sobre qual tipo de imagem está sendo transmitida, pois, assim como o estudante encontra a vaga na web, a empresa também pode encontrá-lo e verificar se seu perfil condiz com as informações descritas no currículo e portfólio.
Ainda que o uso das redes sociais esteja em ascensão e seja uma boa ferramenta para encontrar vagas de estágio, é sempre bom investir também em outras plataformas para potencializar a busca.
Sites especializados permitem que os candidatos se cadastrem e recebam alertas sobre novas vagas, além de permitir a aplicação de filtro que tornam a procura mais prática. Outro detalhe importante é manter um currículo atualizado em Redes profissionais, que além de novas oportunidades também garantem um bom networking.