Raça, gênero, idade, CEP, se é ou não PCD. Estes são apenas alguns dos aspectos que aparecem em questionários profissionais. Mas será que ser sincero pode prejudicar o candidato?
Perguntamos para nosso CEO, Tiago Mavichian, e para Simone Soares Bianche, executiva de RH e consultora da ONU Mulheres, qual é a opinião deles sobre o assunto. Antes de qualquer coisa, eles explicam que o questionário socioeconômico é um instrumento para coleta de informações e serve de base para que as empresas consigam mapear e traçar perfis para as vagas disponíveis.
Um tempo atrás, muitas empresas não faziam essas perguntas por acreditarem que este tipo de informação não era essencial para escolher um candidato, o foco era em habilidades técnicas e o match com vaga. Entretanto, os debates sobre diversidade foram intensificados, exigindo maior compreensão socioeconômica dos candidatos.
“Por isso, as empresas passaram a perguntar raça, por exemplo. Esse tipo de informação ajuda o RH a mudar políticas internas e a fazer processos mais inclusivos. O objetivo é entender quem e quantos são os negros, se tem características em comum, até que etapa do processo chegam, se são aprovados ou reprovados”, diz Tiago.
Apesar disso, muitos candidatos ainda têm medo de responder com sinceridade aos questionamentos. O receio de ser vítima de preconceito e discriminação ainda está muito presente no cotidiano desses estudantes. E o fato de as companhias não deixarem claro o motivo de estar colhendo esses dados só piora a sensação, levando o jovem a omitir certos detalhes de seu perfil.
“A omissão não beneficia a igualdade. Às vezes, queremos esconder a nossa realidade para conseguir a vaga, mas isso nos prejudica. É melhor ser honesto para não correr o risco de entrar numa empresa que não está preparada para receber todo tipo de perfil”, relata Simone.
Pensando nisso, com ajuda da especialista em diversidade, separamos três dicas para auxiliar os candidatos na hora de preencher seus dados pessoais. Prepara o papel e a caneta e vem com a gente!
Busque autoconhecimento
É de suma importância saber identificar (e ter orgulho) de suas raízes e da sua história.
Ao investir em autoconhecimento, você entende melhor quem é, o que quer e como chegar lá. Saber disso fortalece as suas decisões em diferentes aspectos da vida. O queremos dizer com isso?
Que conhecer a si mesmo e o que deseja levará você a buscar uma organização inclusiva e que esteja alinhada com suas crenças, valores e estilo de vida.
Uma dica neste processo é fazer perguntas (muitas delas!): “Eu tenho perfil para trabalhar em uma cultura de pressão?”; “O que eu valorizo em um emprego?”; “O salário é importante para mim?”; “Por que não estou feliz com a minha escolha atual?”. Lembre-se: a jornada de autoconhecimento é um processo contínuo.
Prefira sempre a verdade
Se a empresa está questionando sobre seu perfil socioeconômico, seja sincero. Ao mentir sobre a sua realidade, além de reforçar estereótipos, você perde oportunidades de ser autêntico (algo que as companhias têm valorizado cada vez mais nos profissionais).
Outro ponto fundamental é entender que, hoje, muitas organizações possuem metas de diversidade e inclusão. Ou seja, quando começam o processo seletivo, elas têm como objetivo trazer para o time negros, PCDs, público LGBTQIA+, pessoas mais velhas.
Se você não apontou essas características no questionário, não tem como a empresa saber que faz parte desses grupos. “Com isso, o candidato pode perder a chance de ser chamado. Informações incompletas no cadastro dificultam o trabalho dos recrutadores na busca de diversidade e inclusão. É importante ressaltar que o candidato tem liberdade para inserir as informações que julgar necessárias e se sentir à vontade de compartilhar”.
Considere que o mundo corporativo está em evolução
Tenha em mente que muitas empresas já revisaram valores e cultura e estão bem mais abertas para as diferenças do que alguns anos atrás. O debate sobre como diversificar o ambiente de trabalho ganhou enorme relevância nos processos de recrutamento e seleção. Aproveite este movimento e use seu lugar de fala para se destacar nas dinâmicas. Aceitação e coragem são dois atributos que fazem a diferença.
Mais do que mais a faculdade que você estuda, o curso que faz ou o bairro em que mora, os recrutadores querem conhecer sua experiência de vida, compreender sua visão de mundo e entender sua personalidade.
“Nossa missão é mostrar para as empresas que talentos não têm idade, raça ou gênero. Nem que estão só em faculdades renomadas. Nosso papel é incentivar os gestores a conhecer perfis com potencial e fazer com enxerguem que pessoas com diferentes histórias só somam às equipes”, conclui Tiago Mavichian.